Pais: guardiões dos filhos

02 01-2013
Pais: guardiões dos filhos

Palavras do Papa Bento XVI na Festa da Sagrada Família

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Queridos irmãos e irmãs!

Hoje é a festa da Sagrada Família de Nazaré. Na liturgia a passagem do Evangelho de Lucas nos apresenta a Virgem Maria e São José que, fiéis à tradição, sobem à Jerusalém para a Páscoa com Jesus adolescente.

A primeira vez que Jesus entrou no templo do Senhor foi quarenta dias após seu nascimento, quando seus pais ofereceram por ele, “um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2, 24), que era o sacrifício os pobres. “Lucas, que tem todo o Evangelho cheio de uma teologia dos pobres e da pobreza, dá a entender… que a família de Jesus estava entre os pobres de Israel; nos dá a entender que justo entre eles podia amadurecer o cumprimento da promessa” ( A infância de Jesus, 96).

Jesus, hoje, está de novo no Templo, mas desta vez tem um papel diferente, que o envolve em primeira pessoa. Ele cumpre, com Maria e José, a peregrinação a Jerusalém de acordo com o que a lei prescreve (cf. Ex 23,17; 34,23 ss), embora ele ainda não tivesse cumprido treze anos de idade: um sinal da profunda religiosidade da Sagrada Família.

Mas quando seus pais voltam para Nazaré, acontece algo inesperado: Ele, sem dizer nada, permanece na Cidade. Por três dias Maria e José o buscam e o reencontram no Templo, conversando com os mestres da Lei (cf. Lc 2, 46-47); e quando pedem-lhe explicações, Jesus diz que não devem se maravilhar, porque aquele é o seu lugar, aquela é a sua casa, junto do Pai, que é Deus (cf. A infância de Jesus, 143). “Ele – escreve Orígenes – professa ser no templo de seu Pai, aquele Pai que revelou a nós e do qual disse ser Filho” (Homilias sobre o Evangelho de Lucas, 18, 5).

A preocupação de Maria e José por Jesus é a mesma de cada pai que educa um filho, o introduz na vida e na compreensão da realidade. Hoje, portanto, é importante uma especial oração ao Senhor por todas as famílias do mundo.

Imitando a Sagrada Família de Nazaré, os pais se preocupem seriamente pelo crescimento e pela educação dos próprios filhos, para que amadureçam como homens responsáveis e honestos cidadãos, sem se esquecer nunca que a fé é um dom precioso que deve ser alimentado nos próprios filhos também com o exemplo pessoal.

Ao mesmo tempo rezamos para que toda criança seja acolhida como dom de Deus, seja sustentada pelo amor do pai e da mãe, para poder crescer como o Senhor Jesus “em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). O amor, a fidelidade e a dedicação de Maria e José sejam exemplo para todos os esposos cristãos, que não são os amigos ou os patrões da vida dos seus filhos, mas os guardiões deste dom incomparável de Deus.

O silêncio de José, homem justo (cf. Mt 1, 19), e o exemplo de Maria, que guardava todas as coisas no seu coração (cf. Lc 2, 51), nos façam entrar no mistério cheio de fé e de humanidade da Sagrada Família.

Desejo a todas as famílias cristãs que vivam na presença de Deus com o mesmo amor e com a mesma alegria que a família de Jesus, Maria e José.

 

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