Quanto tempo seu filho joga vídeo-game e vê TV por dia?

23 06-2012
Quanto tempo seu filho joga vídeo-game e vê TV por dia?

No tempo da minha avó quando um menino ganhava um caminhão para puxar pela rua era um sonho feito realidade. Ele brincava horas com o caminhão, usava a imaginação e sua energia para vislumbrar novas aventuras com aquele seu brinquedo. As brincadeiras exigiam criatividade deles. Esta época acabou. A última vez que vi alguém puxando o carrinho era uma menininha de 4 anos, e o caminhão era roxo e rosa.

Agora estamos na modernidade. Agora temos eletricidade. Agora temos vídeo-game. E agora temos uma geração de meninos que denomino “Geração P”: a geração parasita. O vídeo-game não exige nada de quem joga. Não exige inteligência, nem imaginação ou criatividade. Ao contrário, ordena uma repetição sem graça de gestos mecânicos que os fazem parecer robôs.

Muita coisa contribuiu para que os pais conseguissem olhar seu filho parecer um parasita e não se incomodar. A primeira foi a proliferação dos apartamentos. Uma casa com quintal é o primeiro antídoto para a criança poder sair da frente da tela. E para os meninos isso tem um valor ainda maior que para as meninas, pois as brincadeiras masculinas gostam de espaço para correr, jogar bola, etc. Uma amiga minha morava num apartamento e durante a manhã toda seus filhos (3 e 5 anos) viam desenhos na TV ou de CD´s. Ela se mudou para uma casa com quintal e a experiência foi radical: de um dia para o outro a TV perdeu sua influência e o quintal se tornou o espaço da alegria para estas duas crianças durante toda a manhã. Brincadeiras com grama, areia, água… qualquer coisa servia para duas crianças saudáveis brincarem. Por isso, não basta lutarmos para uma moradia para a família: devemos lutar para que toda família tenha uma casa com quintal. Enquanto as famílias tiverem que viver em apartamentos minúsculos a chance da TV e do vídeo game ganhar a infância, que é a base para uma vida adulta equilibrada, é quase absoluta.

Outra questão foi a mentalidade moderna de desvalorização da maternidade que, vendo o filho sempre como um peso, tenta fazer de tudo para que a mãe fique “livre” dele. Ter o seu filho paralisado na frente da telinha é uma forma cômoda de “ter tempo” para a mãe moderna, que almejando um filho apenas, tem mais dificuldade ainda de encontrar brincadeiras inteligentes para o seu filho único. A melhor maneira de entreter o seu filho seria ter ele brincando com um irmãozinho… mas o mundo prefere dar um vide- game do que outro ser humano como presente para o seu filho. É verdade que o valor de um vídeo-game é mais barato, mas o valor real do que estamos tratando é bem mais alto e não tem relação com dinheiro, mas sim com amor e consciência materna e paterna.

Por último, sem esgotar este tema, tem o poder da mídia que faz com que seu filho pareça um E.T se ele não souber da última versão do Play Station. E quanto maior ele fica, maior a cobrança para ele entrar no “círculo de amigos”, círculo onde todos jogam. Se todo mundo joga vídeo-game com luta e muita violência, porque o seu filho não joga? Não importa se as frases mais repetidas por meninos de 4, 8, ou 15 anos nestes jogos seja “mata, mata”, quando estão jogando. Esta violência barata, dizem os defensores destes jogos, não gera nenhuma consequência na mente dos meninos. Será mesmo que não?

Muitos pais preocupados com este tipo de jogo tentam outras opções como joguinhos “inofensivos” e até bem originais como o Wii onde tem jogos nos quais a criança tem que simular que está jogando mesmo, se mexendo como se estivesse na quadra de ping-pong ou de tênis. Mas a questão é a mesma: enquanto se está na frente da tela e não no quintal não se está exigindo da criança um desenvolvimento harmonioso e saudável e sim estamos atrofiando-o.

Se você é pai e mãe, além de criar alternativas para o seu filho ficar fora da tela diversifique as horas em quem ele passa em frente a ela mandando que, a cada hora de jogo, ele fique também uma hora em sites que ajudem ele desenvolver habilidades próprias de sua idade com jogos educativos. Eles existem e eles podem ser úteis. Mas o ideal, é e será sempre, o quintal.

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