Espírito Santo: Espírito de unidade e de verdade
Trecho da homilia do Santo Padre Bento XVI na Solenidade de Pentecostes de 2012
(…) A contraposição entre Babel e o Pentecostes é repetida também na segunda leitura, onde o Apóstolo diz: «Caminhai segundo o Espírito e não sereis levados a satisfazer o desejo da carne» (Gl 5, 16). São Paulo explica-nos que a nossa vida pessoal está marcada por um conflito interior, por uma divisão, entre os impulsos que provêm da carne e os que derivam do Espírito; e nós não podemos segui-los todos. Com efeito, não podemos ser contemporaneamente egoístas e generosos, seguir a tendência de dominar os outros e sentir a alegria do serviço abnegado. Devemos escolher sempre que impulso seguir e só o podemos fazer de modo autêntico com a ajuda do Espírito de Cristo. São Paulo enumera — como ouvimos — as obras da carne, que são os pecados de egoísmo e de violência, como inimizade, discórdia, ciúmes, desentendimentos; são pensamentos e acções que não fazem viver de modo deveras humano e cristão, no amor. É uma orientação que leva a perder a própria vida. Ao contrário, o Espírito Santo guia-nos rumo às alturas de Deus, porque podemos viver já nesta terra o germe de vida divina que está em nós. Com efeito, são Paulo afirma: «O fruto do Espírito é amor, alegria e paz» (Gl 5, 22). E vemos que o Apóstolo usa o plural para descrever as obras da carne, que provocam a dispersão do ser humano, enquanto usa o singular para definir a acção do Espírito, fala de «fruto», precisamente como à dispersão de Babel se contrapõe a unidade do Pentecostes.
Queridos amigos, devemos viver segundo o Espírito de unidade e de verdade, e por isto temos que rezar a fim de que o Espírito nos ilumine e guie para vencermos o fascínio de seguir verdades nossas, e acolhermos a verdade de Cristo transmitida na Igreja. A narração do Pentecostes em Lucas diz-nos que Jesus antes de subir ao céu pediu aos Apóstolos que permanecessem juntos para se prepararem para receber o dom do Espírito Santo. E assim reuniram-se em oração com Maria no Cenáculo na expectativa do acontecimento prometido (cf. Act 1, 14). Recolhida com Maria, como no seu nascer, a Igreja reza também hoje: «Veni Sancte Spiritus! — Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus filhos e acende neles o fogo do teu amor!». Amém.