Porque mulheres cristãs não são empoderadas

11 03-2015
Porque mulheres cristãs não são empoderadas

Por Equipe “Auxílio no Parto”

“Sem mim nada podeis fazer” (ou: Porque mulheres cristãs não são empoderadas).

Em nossa época, enquanto direitos e escolhas são tão constantemente exaltados, parece estranho – ou até absurdo – constatar que grande parte das mulheres têm de enfrentar uma verdadeira batalha para conseguir ter o parto da maneira como Deus o pensou.

 

Na tentativa de lutar contra as dezenas de adversidades que podem impedir a mulher de seguir o caminho traçado por Deus, inscrito no próprio corpo, ela busca todas as informações possíveis para vestir a armadura e se defender contra os mitos a respeito do parto, contra intervenções desnecessárias e contra atitudes médicas indiferentes às evidências científicas.

 

Nessa jornada em busca das informações, é muito comum que ela seja seduzida para entrar no território das ideologias, pois existem movimentos políticos que, aparentemente, lutam por esses mesmos ideais, defendendo a “liberdade de escolha da mulher” na “luta contra o sistema”. Um dos indícios mais claros do conteúdo ideológico enraizado em muitos discursos é o fato de que tanto os grupos que defendem o parto natural quanto os que defendem a cesárea eletiva usam o mesmo argumento: se a mulher deseja o parto natural ou a cesárea é porque tem o direito sobre o próprio corpo. Esse não é o mesmo argumento usado por aqueles que defendem o aborto? Como defender uma via de nascimento por causa dos benefícios para o bebê e ao mesmo tempo defender o seu assassinato?

 

O fato é que o nascimento – seja ele cirúrgico ou ‘humanizado’ – já foi quase completamente ideologizado. As posições mais comuns a respeito dele dividem-se entre uma abordagem misticista-curandeira-feminista defensora do parto natural, que tende a transformá-lo em uma experiência espiritual paganizada e, por outro lado, pela defesa de uma cesárea eletiva que se pretende moderna-segura-indolor às custas da saúde da mãe e do bebê. O parto deixou de ser um evento familiar para ser mais uma bandeira ideológica. O pior é que as duas interpretações são falsas.

 

Dos dois lados encontramos o uso do conceito ‘empoderamento’ para justificar o comportamento feminino, que traz consigo uma longa história de lutas políticas e não pode ser compreendido fora delas. Por trás dessa palavra, vemos a concepção de que a mulher deve tomar o poder para si: o poder de parir como quiser, de trabalhar, de sair de casa, queimar sutiãs, de ser independente, de saber o que é melhor para si, de dar conta de tudo e de submeter o mundo a sua vontade.

 

Empoderamento é um conceito que só tem serventia para quem vê o mundo de uma perspectiva de luta entre os opressores e os oprimidos, que, por meio de uma falsa aparência de luta pela igualdade, esconde o desejo de domínio. Empoderar-se, segundo essa lógica, é tomar o poder, é lutar para colocar-se como o centro que controla o entorno com objetivos políticos e ideológicos.

 

Esse termo ganhou visibilidade na Conferência Mundial sobre a mulher em Pequim, promovida pelas Nações Unidas em setembro de 1995, em que foi adotado como uma das três inovações que possuíam o potencial de dar um novo alcance ao movimento feminista, juntamente com as ideologias de gênero e o enfoque na transversalidade. Por trás de um texto que defende o aumento dos direitos das mulheres, o aumento do poder e do desenvolvimento feminino, o que não parece perigoso ou indesejável, esconde-se uma ideologia que se aproveita de algumas demandas femininas e as instrumentaliza, transformando-as em pauta de revolução cultural, que desestimula as atitudes legitimamente femininas para substituí-las por condutas revolucionárias.

 

A história dos movimentos feministas comprova que, em seu radicalismo, houve duros combates contra a essência da mulher, de ser mãe, esposa e dona de casa. Teorias feministas inteiras foram construídas para defender que ser mãe e esposa era uma opressão machista exercida sobre a mulher. A verdade dessas afirmações está evidente nas palavras de Simone de Beauvoir, uma das mais importantes teóricas do feminismo: “Enquanto a família, o mito da família, o mito da maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão a viver sob opressão… Nenhuma mulher deveria ter autorização para ficar em casa e cuidar de crianças. A sociedade deveria ser totalmente diferente. As mulheres não deveriam ter essa opção precisamente porque se tal escolha existir, demasiadas mulheres a seguirão. Isso é uma forma de forçar as mulheres numa certa direção” (1975).

 

No entanto, para reverter uma imagem de feminismo que não foi atrativa para muitas mulheres, as ideologias foram adaptadas para dentro do universo da maternidade. A partir disso, os temas como gravidez, parto, amamentação, criação de filhos e muitas outras coisas são assuntos na pauta feminista atualizada.

 

Quando movimentos que, supostamente, lutam pelo empoderamento da mulher entram em todas as esferas da vida, incluindo a via de nascimento, pouco importam os temas: o objetivo maior é politizar todos os assuntos, fazendo com que as mulheres, inconscientemente, entrem para as fileiras da causa. Para tanto, o mesmo movimento defenderá o aborto, para que a mulher não fique subjugada ao domínio sexista patriarcal, e defenderá o parto “humanizado”, porque o foco está na politização, não no bem estar das mulheres ou dos bebês.

 

O curioso é que, historicamente, essa postura escravizou as mulheres, transformando-as em objeto sexual, culpando-as pela fertilidade e matando seus filhos, seja pelo aborto ou por não permitir que sejam concebidos. No fundo, é uma postura que se rebela contra a vontade de Deus. Se a mulher quer deter o poder sobre a sua vida, ela não o coloca nas mãos de Deus e não segue a vontade d’Ele.

 

Com isso, um grande prejuízo causado é que, por tantas ideologias políticas e por esse misticismo cercando a “causa” do parto, algumas mulheres cristãs têm se afastado desse maravilhoso aspecto da sua natureza. Mas aqui há de se ter sabedoria em discernir as coisas: o parto natural, como Deus o pensou, não é mau, tampouco ideológico. É simples, fisiológico. Natural como o próprio nome já diz.

 

Uma mulher cristã não deve aceitar ser empoderada segundo o conceito feminista porque “o poder pertence a Deus” (Sl 62) e não pode adotar o jargão “meu corpo, minhas regras” porque “a mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa.” (1 Cor 7, 4) e os dois, unidos por um mistério de amor, são uma só carne (Mc 10, 8). A mulher cristã tem uma característica que ultrapassa qualquer ideologia: ela pode ser forte, virtuosa (Pr 31,10).

 

Isso não significa que a mulher deva aceitar passivamente o que lhe ocorre sem lutar pelos seus direitos e por um parto respeitoso. A mulher cristã pode e deve ser determinada, corajosa, destemida, valente e fazer o que for possível para defender a sua família e o nascimento dos seus filhos, informando-se e lutando para não ter sua vontade subtraída no meio de sistemas políticos ou ideológicos. O parto natural deve ser defendido por todas as mulheres que entendem a maneira com que Deus quis trazer novos seres humanos, fazendo de nós cocriadores. Além disso, a mulher cristã deve defender o parto natural pelo fato de ser o mais adequado para possibilitar dar a Deus uma família numerosa.

 

A mulher cristã não deve ser passiva diante da escolha da via de nascimento porque Deus imprimiu no seu ser a habilidade de ter força para trazer ao mundo todos os homens e para defender a família. Por isso, a mulher é forte o suficiente para não cair em ideologias que ecoam a sedução da serpente no jardim do Éden, que nos propunha o empoderamento completo para nos jogar no abismo do pecado: “sereis como deuses” (Gn 3, 5). A verdade que Deus nos mostra é que toda tentativa de empoderamento acaba em fracasso porque pressupõe o fato de não precisarmos de dEle. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5)

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