O suposto “Magistério” dos Leigos

24 05-2012
O suposto “Magistério” dos Leigos

Cada vez mais vemos pessoas se unindo a grupos que dizem pregar a Tradição da Igreja Católica. Estes grupos, apesar de ainda pequenos, são tão eficazes para conquistar adeptos através da confusão e soberba como as seitas protestantes e, com um falso argumento de estarem unidos á Tradição da Igreja, convencem aqueles mais vulneráveis ou sedentos por algo que não encontram em suas paróquias.

Estes autodenominados tradicionalistas conquistam pessoas que estão à procura do autêntico catolicismo  no meio desta terrível crise modernista que a Igreja enfrenta hoje. Estas pessoas estão saturadas da baderna na liturgia, de músicas melosas de Fábio de Melo e Cia, de bateria e guitarra, das letras que matam o sagrado em nome da política, de palmas e dancinhas, e de padres que infelizmente lembram mais um funcionário do que um servo de Deus. Estes homens que tem a divina missão de levar almas para Cristo estão preferindo lançar cd´s,  se vestirem como leigos e trocar a confissão por momento de auto-ajuda barata, onde a cura aparece com freqüência mas a cruz nem tanto.  Tudo isso e muito mais esgota qualquer alma sedenta por uma espiritualidade verdadeira.

E estes falsos tradicionalistas de fato parecem que tem o senso católico no meio de tanta confusão. Eles realmente têm zelo pela liturgia, pela modéstia e outras coisas que exteriormente colaboram para seduzir uma alma sedenta, que logo se sente acolhida em seu meio. O perigo está exatamente no fato de que exteriormente cativam e que muito do que dizem esteja certo. Se o erro fosse tão óbvio não teria perigo algum. A questão é que para ser herege e para ir para o inferno não é preciso ter muitas coisas erradas, mas apenas uma grave.

Por isso, apesar de toda a boa intenção que estes grupos podem ter, o erro deles é grave e o conselho é ficarmos longe deles, pois onde reina a desobediência reina satanás. O que todo herege quer? Nada mais do que uma Igreja para si. Uma Igreja que seja exatamente o que eles pensam que Ela deva ser. Não são eles que devem se enquadrar no que ela diz, mas é Ela que deve lhes servir. Obviamente que eles não dirão isso, muito pelo contrário! Dirão que estão sendo fiéis ao Concílio “X” e “Concílio “Y”. Que Concílio “Z” não está batendo bem com o Concílio “W”. A suposta fidelidade deles é tão grande que eles entram em um “clube especial” onde eles podem até mesmo julgar textos conciliares e atitudes papais como quem julga um pecado de fácil entendimento como o roubo ou o assassinato. Se a seita protestante não existisse ainda, Lutero daria tudo para fazer parte deste clube.

Lutero queria uma Igreja que lhe servisse. Ele se viu do mesmo tamanho da Esposa de Cristo, pronto para falar de igual para igual. E olha o que temos hoje senão seitas e mais seitas, todas achando que fazem parte do Corpo de Cristo, como se Cristo aceitasse prostitutas. Estes falsos tradicionalistas se levantam como Lutero e tantos outros que estão ou estiveram a espera de que a Igreja lhes seja obediente. E sempre com palavras bonitas, e utilizando-se de textos difíceis e situações de difícil juízo, se colocam como irrepreensíveis perante aquela que verdadeiramente é irrepreensível.  E, como é de costume, eles arrastam muitas pessoas. Estes grupos usam o que querem da Doutrina e jogam fora aquilo que não lhes convém.  E assim como os protestantes resumem tudo num pensamento simplista como “os católicos adoram Maria”, os falsos tradicionalistas estão prontos para nos condenar dizendo que somos “papólatras”, e é exatamente nisso que podemos perceber a soberba destes grupos que querem se colocar acima do Vigário de Cristo.  O protestante nos diz que adoramos a Nossa Senhora, o falso tradicionalista nos diz que adoramos ao papa. O herege é assim, só muda o objeto, mas a fórmula é sempre a mesma.

Mas, se fôssemos todos idólatras, posso afirmar com certeza que o “papólatra” estaria em um posição melhor, já que o papa “ao menos” é Chefe da Igreja fundada por Cristo. O protestante e o falso tradicionalista adoram falsos pastores ungidos por si mesmos. “Fulano” é ungido, professor “tal” disse isso, etc. Tem sempre alguém que entende muito e se diz capaz de condenar a atitude ou um documento de um Papa.  Importa se é um papa como João Paulo II, com milagre comprovado e em processo de canonização? Não importa. Tiram uma linha de um texto aqui e uma atitude ali em 25 anos de papado e logo o mesmo deve estar, no mínimo, no purgatório.

É o suposto “magistério” laico. Reinam todos, menos a Igreja. Falam todos, menos o Papa.  Se o papa diz algo que lhes agrada, eles o louvam, mas se não está dentro daquilo que eles entendem por Igreja o condenam e dão como condenado algo que compete à Igreja e que a mesma não condenou.  Se colocar à frente dAquela que nos conduz rumo ao céu é uma boa forma de ir rumo ao inferno.

Nós católicos estamos sujeitos ao Magistério da Igreja. Ponto final. Não se coloca fulano ou ciclano acima do magistério. Quem assim age se faz protestante, que tem por excelência a desobediência. A Igreja não é uma democracia, e quem não estiver de acordo pode sair a qualquer momento. É muito fácil fazer sua própria versão de temas tão profundos e criar mini-deuses para seguir enquanto se tenta destruir a imagem de um ou outro papa. Difícil é obedecer, Adão e Eva que o digam.

Estar nem adiante e nem ao mesmo passo que a Igreja, mas um passo atrás, é próprio da natureza de um filho que respeita sua mãe, que sabe que ela sabe o que faz e se estiver algo errado ela saberá dar o remédio na hora certa. Afinal, se a “fumaça de satanás entrou na Igreja”, Quem estava lá dentro muito antes era – e continua sendo – o Espírito Santo.

 

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Vídeo relacionado: “A Resposta Católica: Pedro e o Primado Papal” – por Padre Paulo Ricardo

 

 

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