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12-2021
SOBRE A EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS
Uma vez que as crianças, assim como outros seres humanos, não são somente boas, não podem ser deixadas sozinhas, intocadas pela sociedade e florescerem em perfeição. Até mesmo os cães devem ser socializados se quiserem ser membros aceitáveis da matilha — e crianças são muito mais complexas do que cães. Isso quer dizer que há muito mais chances de que elas desandem de formas complexas se não forem treinadas, disciplinadas e devidamente encorajadas. Isso quer dizer que não é apenas errado atribuir todas as tendências violentas dos seres humanos às patologias da estrutura social. É errado o suficiente para ser praticamente o oposto. O processo vital de socialização previne muitos danos e fomenta muito do bem. As crianças devem ser moldadas e informadas, ou não serão capazes de prosperar. Esse fato é refletido fortemente no comportamento delas: as crianças são completamente desesperadas por atenção tanto das outras quanto dos adultos porque essa atenção, que as torna partícipes efetivas e sofisticadas da comunidade, é vitalmente necessária.
As crianças podem sofrer tanto ou mais danos pela falta de atenção incisiva quanto pelo abuso físico ou mental. Esse é o dano por omissão, ao invés de por ação, mas não é menos severo e duradouro. As crianças sofrem danos quando seus pais “compassivamente” desatentos fracassam na missão de torná-las espertas, observadoras e despertas, e as deixam em um estado inconsciente e indiferenciado. As crianças sofrem danos quando os responsáveis por seu cuidado, com medo de qualquer conflito ou chateação, não ousam mais corrigi-las e as deixam sem uma direção. Consigo reconhecer esse tipo de criança na rua. Elas são lentas, desconcentradas e vagas. São pesadas e apagadas em vez de leves e radiantes. São blocos brutos, presos em um estado perpétuo de espera para ser algo.
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Fonte: 12 Regras para a vida – Jordan B. Peterson