Os deveres do marido e da mulher – (Pio XII)
Acreditais vós, portanto, que aqui embaixo se possa gozar de uma verdadeira e sólida felicidade? Que em algum ângulo deste mundo se encontre a plena e perfeita beatitude do paraíso terrestre? E pensais talvez que vosso marido não deva também ele sacrificar-se, por vezes gravemente, para conseguir um pão honrado e seguro para a família?
Exatamente este mútuos sacrifícios, suportados juntos e em comum vantagem, dão ao amor conjugal e à felicidade da família a sua cordialidade e estabilidade, sua profundidade santa e aquela especial nobreza que se exprime no mútuo respeito dos cônjuges e os exalta no afeto e no recolhimento dos filhos.
Se o sacrifício materno é o mais agudo e doloroso, a virtude do alto os tempera.
Não tendes vós talvez observado como o sacrifício de uma mãe, que, por especiais motivos, deve além de seus deveres domésticos, industriais, prover com duro trabalho cotidiano ao nutrimento da família, não somente conserva, mas alimenta e acresce nos filhos a veneração e o amor para com ela, e mais forte obtém seus reconhecimentos por suas angústias e fadigas, quando o sentimento religioso e a confiança em Deus constituem o fundamento da vida familiar?
Se tal é o caso no vosso matrimônio, com plena confiança em Deus, o qual ajuda sempre quem o teme e o serve, ajuntai, nas horas e nos dias que podeis dar inteiramente aos vossos caros, com redobrado amor, a solerte cura, não somente para assegurar à verdadeira vida da família o mínimo indispensável, mas também para deixar que de vós procedam no coração do marido e dos filhos tantos luminosos raios de sol, que confortem, fomentem e fecundem, também nas horas da separação exterior, a espiritual união do lar.