- I) Preparação Remota para o Matrimônio
Entre os meios de preparação remota para o matrimônio, insistimos principalmente sobre três pontos, absolutamente necessários para a educação dos filhos, em relação à felicidade de seu futuro casamento. São: o domínio de si mesmo, a simplicidade e a pureza.
- A) Preparam os seus filhos para um matrimônio feliz os pais que os educam, seriamente, a se dominarem. Creio não haver necessidade de grandes argumentos para prová-lo. Que é a vida conjugal? Uma comunidade de vida; ora, a vida comum não é possível, sem domínio sobre si, indulgência, e capacidade para perdoar.
A vida comum exige certamente muita indulgência, e domínio sobre si mesmo. E muitos dramas conjugais se originam justamente deste fato: os esposos, na sua infância, não aprenderam a se dominar, a respeitar a vontade alheia. Muito maior é este perigo para o filho único, que não tendo nem irmãos, nem irmãs, adquire o hábito de, em tudo e sempre, só se interessar por si mesmo.
Aquele, porém, que no casamento só se procura, buscando seus próprios interesses, suas próprias vantagens, e sua própria felicidade, não pode levar uma vida conjugal harmoniosa; pois sempre será tentado a ver, na sua união, apenas um objeto de prazer, um instrumento para garantir-lhe a própria satisfação. Ora, a base de uma vida conjugal harmoniosa é saber reconhecer o outro esposo como uma personalidade dotada de uma vontade própria, e tendo igualmente direitos, isto é, casar-se não para ser feliz, mas para tornar feliz, encontrando assim a felicidade própria.
- B) Não é menos importante, porém, sobretudo em nossos dias, educar também os filhos na simplicidade, na modéstia e na renúncia a toda pretensão.
- a)Na realidade, reconhecemos com tristeza que, muitas vezes, o obstáculo ao casamento é a falta de colocação, de meios materiais para a subsistência, e a insuficiência de rendimentos! Esta é a verdade. É preciso, porém, acrescentar: não é só a exiguidade de rendimentos, que para muitos, hoje, impossibilita a fundação de uma família. Há um outro fator, as numerosas exigências de alguns. E agora, os meus ouvintes não me queiram mal se lhes digo francamente que, principalmente, certas mulheres é que são, hoje, muito exigentes.
De fato, hoje, o jovem, na idade de se casar, não tem, muitas vezes, rendimentos necessários para sustentar uma esposa, que apenas cuida de visitas, dancings, que precisa de manicure, cabeleireiro, que está à par das coisas de teatros, dos acontecimentos mundanos, nada conhecendo do governo da casa, nem da cozinha, e do cuidado dos filhos. Sim, quando os ordenados são modestos, modestas devem ser também as exigências.
Quando, ao contrário, um moço encontra uma jovem modesta, trabalhadora, discreta, que ao lado da instrução e da inteligência possui também o amor ao trabalho, e o espírito de economia, pode desposá-la corajosamente, ainda que seus rendimentos sejam módicos.
- b)“Permiti-nos, porém, uma objeção, dirão talvez algumas moças. Se procedemos para com os moços de um modo tão atrasado, tão antigo, com maneiras de outro século, então,nunca nos casaremos. Observai que eles querem é se divertir, e certamente não o farão com moças simples e modestas, e sim com as que se pintam, que sabem namorar, procurando só o prazer!” Eis como se desculpam muitas excelentes jovens.
Se refletissem, porém, um pouco, veriam como não têm razão. De fato, os jovens gostam de se distrair, sim, com moças frívolas e “coquetes”, mas não as querem por esposas. E como eles têm razão! Porque desposar uma jovem que não vê o sentido e o interesse da vida, senão em contínuas distrações é evidentemente caminhar para uma catástrofe.
E as moças que não são nem frívolas, nem irrefletidas, nem pintadas, nem ricas, mas sim amáveis e modestas, serão consoladas pela comparação espirituosa daquele escritor italiano que encontra analogia entre os diferentes relógios e os diversos gêneros de moças.
As jovens mundanas e coquetes assemelham-se aos relógios de torres: todos olham, mas ninguém as toca.
As jovens bonitas, mas frívolas, assemelham-se aos carrilhões: distraem, a princípio, mas por fim aborrecem.
As jovens ricas são semelhantes aos relógios de ouro: apenas são vistas; informa-se de seu valor.
As jovens, que muito falam, são como despertadores: fatigam os ouvidos. E as modestas? Estas são como os relógios que regulam bem: pode-se contar com elas.
Concluamos que os filhos educados na modéstia e na simplicidade tornam-se, mesmo em modestas condições de vida, esposos felizes.
- C) Ao lado do domínio de si e da simplicidade, e antes mesmo destes dotes, uma tarefa indispensável aguarda ainda o educador: Educar os filhos na moralidade e na pureza.
Fonte: Blog a Grande Guerra