Conversas Virtuais Tolas

25 07-2012
Conversas Virtuais Tolas

Com o princípio bíblico de como devem ser nossas conversas – edificantes (Ef 4, 29) São Paulo deixa claro que jamais devemos ter conversas tolas (Ef 5, 4).

E não é isso que abunda hoje em tantos meios, inclusive nos meios virtuais? Neste artigo quero tratar das conversas que acontecem nos “chats”, especialmente nos meios virtuais entre os adolescentes.

Pelo e-mail, facebook, Orkut ou jogos interativos a conversa entre os colegas é comum. Num dialeto criado pela preguiça de escrever corretamente, e com palavras encurtadas que fica até difícil para um adulto decifrar, as nossas crianças passam horas conversando. Mas, que tipo de conversa eles tem, o que eles estão “compartilhando” no facebook, para que tipo de assunto eles estão dedicando suas energias diárias? E a pergunta mais importante: você que é a mãe, sabe se estas conversas estão fazendo bem ou mal para a alma do seu filho?

Escutemos o ensino do Papa Pio XII para os pais:

“Certamente estais completamente decididos a educá-los de modo cristão e não infundi-lhes senão bons princípios?” Magníficos propósitos, mas será sempre suficiente? Ah! Talvez ocorra que pais cristãos que tenham usado muita cautela para a educação de um filho, de uma filha, que os manteve longe dos prazeres perigosos e das perversas companhias, de repente os vê, na idade de dezoito aos vinte anos, serem vítimas de miseráveis e às vezes escandalosas caídas: o bom grão que eles tinham plantado se arruinou pelo joio. Quem foi o “inimicus homo” que lhe fez tanto mal? No mesmo lar doméstico, neste pequeno paraíso, o tentador, o astuto, se introduziu furtivamente e encontrou ali, recolhido já, o fruto corruptor para oferecer à aquelas mãos inocentes. Um livro do pai, que minou a fé do batismo; uma novela esquecida sobre o sofá ou na cabeceira da mãe, que ofuscou na filha a pureza de sua primeira comunhão. Agora bem, o mal que se oculta atrás do prazer, é tão mais difícil de curar quanto mais tenaz é a mancha infligida na candura de uma alma virgem.”[1]

Se o Papa está falando que o mal penetra naqueles lares onde os pais estão decididos a educar de modo cristão os seus filhos, o que será dos lares que levam o nome de “cristãos” mas que no fundo deixam se levar pelos caprichos do mundo, e a mãe, fingindo que não vê, permite que o filho e a filha sejam depravados em sua pureza, dia após dias, naqueles chats que parecem tão inocentes?

Se os pais devem educar os seus filhos para que tenham conversas que edifiquem a ele e quem o escuta então se excluí automaticamente da sua rotina qualquer programa que possa facilitar a natureza caída do ser humano a se afundar em conversas tolas, inúteis e geralmente muito prejudiciais para sua alma. Cabe à mãe vigiar os seus filhos e seus “chats” e, com amor e firmeza, guiá-los na aprendizagem de como organizar o seu tempo, de modo que até a sua diversão agrade a Deus e seja de fato edificante. Como diz a Sagrada Escritura: Educá-los na disciplina e nos ensinamentos do Senhor (Ef 5, 4.6)

Não, não é fácil. Com a facilidade que nossas crianças tem para o mundo digital e a agenda cheia das mães parece uma missão às vezes impossível estarmos atentas a algo que parece tão inocente à primeira vista. Mas a mãe zelosa da alma do seu filho deve fazer o tempo para olhar, ler, corrigir (a gramática e o conteúdo!) dos chats dos seus filhos. Já soube de histórias dramáticas onde a mãe, muito zelosa, sofreu muito ao descobrir que seu filho estava viciado em sites pornográficos em tão terna idade. Não era uma mãe descuidada, mas em apenas poucos minutos uma mensagem – que não foi buscada pelo seu filho – apareceu na tela e, para o menino basta uma imagem para perder sua pureza e entrar num caminho muito difícil de reverter.

Não pense que o computador na sala é o que basta para seu filho ou filha não entrar em conversas tolas. Elas estão em todos os ambientes. Você sabe o que seus filhos conversaram na última vez com seus colegas? Talvez você ficaria surpresa que eles já estejam tendo conversas de adultos, e conversas de adultos tolos.

Para que seu filho tenha conversas edificantes é preciso uma meta no diálogo diário que ele mantém com você, como mãe e educadora. É você, como mãe, que irá dar o “alimento” para que ele venha a ter, dia após dia, assuntos edificantes para tratar com você ou com qualquer outra pessoa. Sim, em cada idade o assunto edificante tem suas peculiaridades, mas em nenhuma idade está aberta a opção de conversas tolas, nem com a mãe nem com outra pessoa. Nenhuma criança é igual à outra, mas todas devem ser incentivadas a crescer em graça e sabedoria, e jamais se acomodar com o “comum” que ela vive na escola ou em outros grupos de colegas. Ela está chamada também a ser luz onde ela estiver, pela sua maneira de falar, se comportar e também de se vestir.

Por isso devemos fazer, como educadoras, o nosso exame de consciência para pensar se estamos dando estes “alimentos” para nossos filhos ou se estamos deixando eles “vazios” de espírito, pronto para serem saciados com as enganações deste mundo. Se nós não lhe damos alimento, o mundo o encherá rapidinho de lixo, de muito lixo.

Outra coisa prática que devemos fazer é colocar um controle de sites na internet. Nenhum controle é 100%, mas existem programas que bloqueiam palavras pornográficas, obscenas, etc. o que já é um bom começo, especialmente com o perigo dos “pop-ups” que surgem na tela sem ninguém querer.

É preciso também colocar regras bem claras, como por exemplo, não permitir que nossos filhos façam “buscas” seja no Google ou no You Tube, ou em outros sites de busca. Sabemos que os depravados não cansam de colocar imagens que não tem nada a ver com aquilo que estamos buscando e, se para nós adultos nos fazem mal, para uma criança em formação o tamanho do estrago é incalculável.

Se em todo e em qualquer lugar devemos buscar o que agrada a Deus como filhos que somos (Ef 5,1), o meio virtual não está a par disso. Cabe a nós sermos luzes ali também e ensinar a nossos filhos que eles também sejam luzes! Não justifiquemos nossa preguiça em educar e vigiar: despertemos antes que seja tarde demais.



[1] S.S Pio XII 7 agosto de 1940, Discursos ao recém casados

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