A Cruz purifica
Trecho do livro “A sabedoria da Cruz” de Fransico Faus
A Cruz, o sofrimento, purifica-nos. O sofrimento abre-nos os olhos para panoramas de vida maiores, mais verdadeiros e mais belos.
O sofrimento ajuda-nos a escalar os cumes do amor a Deus e do amor ao próximo. São inúmeras as histórias de homens e mulheres que, sacudidos pelo sofrimento, acordaram: adquiriram uma nova visão – que antes era impedida pela vaidade, pela cobiça e pelas futilidades – e perceberam, com olhos mais puros, que o que vale a pena de verdade na vida é Deus que nunca morre, nem trai, nem quebra; descobriram que nEle se acha o verdadeiro amor pelo qual todos ansiamos e que nenhuma outra coisa consegue satisfazer; entenderam que o que importa são os tesouros no Céu, que nem a traça rói nem os ladrões arrebatam (cfr. Mt 6, 20); e perceberam, enfim, que os outros também sofrem, e por isso decidiram-se a esquecer-se de si mesmos e a dedicar-se a aliviá-los e ajudá-los a bem sofrer.
É uma lição encorajadora verificar que, na vida de São Paulo, as tribulações se encadeavam umas às outras, sem parar, mas nunca o abatiam. É que ele não as via como um empecilho, mas como graças de Deus e garantia de fecundidade, de modo que podia dizer de todo o coração: Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo (2 Cor 4, 10). E ainda: Sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo; porque quando me sinto fraco, então é que sou forte! (2 Cor 12, 10). E até mesmo, com entusiasmo: Nós nos gloriamos das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência; a paciência, a virtude comprovada; a virtude comprovada, a esperança. E a esperança não desilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rom 5, 3-5). É o retrato perfeito da alma que se agiganta no sofrimento, que se deixa abençoar pela Cruz.