O Natal é de Jesus ou do Papai Noel?
Por Julie Maria
Natal significa nascimento. No dia 25 de dezembro os cristãos do mundo inteiro celebram o nascimento do único Homem que dividiu a História da Humanidade em antes e depois dele: Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, na sociedade atual o Natal já não significa mais o nascimento de Jesus. O desaparecimento do Divino Aniversariante – Nosso Senhor Jesus Cristo- e a massiva e invasiva figura do Papai Noel nas ruas, prateleiras, decorações, comércio e shoppings revelam que o estilo da vida mundana tem impregnado grande parte dos lares cristãos.
Agora, vamos supor que seja o seu aniversário. Você é o centro das atenções naquele dia em que se celebra o seu nascimento. Você é o dono da festa! Ganha muitos presentes, telefonemas, atenção e tudo isso é justo, afinal você nasceu naquele dia e os que te amam celebram com alegria este acontecimento. Você passou do nada à existência de quantos anos seja e isso é maravilhoso.
Mas, há um porém a considerar. Você não é Deus. Existe um nascimento que é infinitamente superior ao seu e ao meu o qual dá todo sentido a qualquer outro aniversário: o nascimento do nosso Redentor e Salvador Jesus Cristo. Se Nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador, não tivesse descido dos céus para pagar o preço pela nossa redenção estaríamos todos condenados eternamente ao inferno[1]. De nos serviria celebrar nossos aniversários aqui na Terra, sabendo que no fim de nossos dias nos restaria tão somente a condenação eterna? – Esta é uma verdade da fé católica que deve ser relembrada para compreendermos o quê e a Quem devemos celebrar no Natal.
Render louvores a Papai Noel e preocupar-se com a troca de presentes no Natal, significa então que se perdeu completamente o verdadeiro sentido da festa mais importante do universo cristão. E se por acaso você engrossa as fileiras daqueles que atribuem a São Nicolau o protagonista da festa de Natal, então celebremos sua festa e a troca de presentes, simbolizando a generosidade do santo para com os pobres no dia de sua festa litúrgica, ou seja, no dia 5 de Dezembro, mas jamais no dia em que o Verbo Encarnado nasce no meio de nós.
Quem deve ser celebrado e ganhar presentes é Jesus. E o presente que Ele anseia receber de cada um de nós é este: “voltai a Mim de todo o coração [2]”… “ Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus”[3]. O melhor presente que podemos ao Senhor Jesus é aceitar o seu convite para uma verdadeira e sincera conversão de vida e não fazer ouvidos surdos aos seus apelos, como vemos nas Sagradas Escrituras: “não ameis o mundo nem as coisas do mundo…”[4].
Aceitar o jeito que o mundo celebra o Natal é negar a nossa fé no amor de Deus, é rejeitar o reinado de Cristo em nossos lares e, mais grave ainda, deformar, na consciência dos nossos filhos, a principal razão da grande alegria natalina: Deus Pai teve compaixão de nós e enviou-nos Seu Filho para podermos ir ao céu. Como dizemos que amamos a Deus se não procuramos o que Lhe é agradável e temos cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas, que Ele condena abertamente?[5]
Como cristãos devemos fazer uma profunda reflexão neste Advento. Como vivemos o Natal em família? Quais são as personagens que recordamos e queremos imitar? Como decoramos o nosso lar para receber Jesus Cristo?
Ah! Se amássemos fervorosamente a Deus teríamos tantas idéias maravilhosas para que o Advento fosse uma época de pleno crescimento espiritual para toda nossa família e especialmente para catequizar as crianças e preparar os seus corações para que Jesus renasça neles…
O que tenho experimentado com minha pequena filha e sobrinhos é que sem Papai Noel e sem troca de presentes vivenciamos o Natal tal como Deus o deseja: partilhando a verdadeira alegria espiritual que nos traz o Seu nascimento. Numa sociedade tão materialista, ao elevar os nossos corações e toda a nossa atenção para a salvação eterna que Deus Pai nos trouxe, estamos preparando nossos filhos para buscar “as coisas do alto, onde Cristo esta sentado à direta de Deus” pois é a mesma Palavra de Deus que nos exorta: “Afeiçoai-vos as coisas do Alto e não as Terra”,[6]
Então, existe tempo mais propício do que viver e ensinar isso do que no Natal?
Se você ainda não tem ou perdeu esta alegria, suplique-a ao Todo Poderoso como ensina o salmista: “restituí-me a alegria da salvação”[7]. Esta é a alegria que sentiu João Batista no seio de sua mãe[8]; esta é a alegria que fez Nossa Senhora exultar em sua alma ao proclamar as maravilhas que Deus fez por ela, em seu Magnificat[9]; esta é a alegria do próprio Jesus Cristo ao exultar de alegria no Espírito Santo ao proclamar: “Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondestes estas coisas ao sábios e inteligentes e as revelastes ao pequeninos.”[10]
Se as famílias cristãs não compactuarem com o falso natal que o mundo quer impor e voltarem a colocar Jesus no centro na celebração do Seu aniversário, então elas experimentarão o que o mundo promete, mais jamais poderão desejar um verdadeiro Feliz Natal!
[1] https://padrepauloricardo.org/episodios/29-domingo-do-tempo-comum-transformar-a-dor-em-amor
[2] Joel 2, 12
[3] Mateus 3,2
[4] I Jo 2, 15
[5] Efésios 5, 10-11
[6] Colossenses 3, 1-3
[7] Salmo 50
[8] Lucas 1, 44
[9] Lucas 1, 46
[10] Lucas 10,21