Transcrição da homilia do PPR. Clique aqui para escutar.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Meus queridos irmãos e irmãs, com grande alegria o Evangelho de hoje é a continuação do Sermão da Montanha, onde Jesus nos ensina a respeito da pureza, da castidade e da família: “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la já cometeu adultério com ela no seu coração”. Ao pronunciar essa palavra, Jesus mostrou que a maior parte dos pecados contra o sexto mandamento, ou seja, os pecados em que a pessoa faz alguma coisa contra a castidade (traindo a sua esposa ou fazendo sexo antes do casamento ou se masturbando etc.), estes pecados concretos e externos contra a castidade começam em pecados internos e secretos do nosso coração contra a castidade, contra a pureza. Então, Jesus está mostrando a íntima ligação entre o sexto e o nono mandamento. O sexto mandamento: “Não pecar contra a castidade”; nono mandamento: “Não desejar a mulher do próximo”.
Ao fazer isso, Jesus, além de estar nos mostrando uma verdade espiritual extraordinária, está também nos libertando. Por quê? Porque está nos dando o caminho para obtermos a verdadeira castidade. Como padre no confessionário, eu já encontrei — você pode imaginar — muitíssimas pessoas que se debatem com essas dificuldades com relação à castidade, pessoas que não conseguem abandonar o vício da masturbação, o vício do adultério, o vício do sexo antes do casamento e outras coisas mais. As pessoas dizem: “Padre, eu não consigo. Eu já venho lutando com isso há anos”. Eu digo: “Meu filho, minha filha, o problema é o seguinte. Você já tentou parar com esses atos pecaminosos, mas você nunca experimentou ser puro”. “O que quer dizer isso, padre?” Ser puro quer dizer o seguinte: você interiormente não conceber nenhum pensamento consentido, deliberado, que fira a pureza, ou seja, você realmente não tem pensamentos interiores dos quais você se envergonhe. Se a sua imaginação fosse filmada; se a gente conseguisse fazer uma “live” e transmitir a sua imaginação o tempo todo na internet para todo o mundo ver; se você põe essa possibilidade e não se envergonha dos seus pensamentos, é porque ali não há nada de impuro, não há nada de imoral. Então, pronto: esse é o caminho. O caminho é esse, ou seja, o caminho é viver verdadeiramente a pureza de forma radical. Na prática, quando é que uma pessoa pode pensar em sexo? Poderíamos dizer quase que dizer assim: “Nunca”. Por quê? Porque o sexo não foi uma coisa que Deus nos deu para pensar; sexo é algo que Deus nos deu para fazer dentro do santo matrimônio, onde o esposo e a esposa, abertos à vida, estão lá cumprindo a sua missão.
Então, Jesus, ao dizer que “quem olha para uma mulher e a deseja no seu coração…”, ao dizer isto, Ele está nos ensinando uma coisa espiritualmente verdadeira. É no nono mandamento que começam os pecados — geralmente começam os pecados do sexto —, e nós, vivendo a pureza, não fazendo pensamentos e não consentindo neles, estamos no caminho correto. Aí você vai chegar e dizer assim: “Mas, padre, isso aí que o senhor está propondo é impossível!” Não, não é impossível. É que a maior parte das pessoas nunca prestou atenção nos pensamentos porque nunca tentou eliminá-los. Porque a nossa cultura colocou na nossa cabeça a loucura de que é impossível não pensar nessas coisas. Mas é possível, sim. Veja, deixe-me explicar de forma mais prática. O principal órgão sexual que nós temos é o nosso cérebro, e aqui está o segredo da coisa. Antes de a pessoa ter movimentos de alteração física se preparando para o sexo, geralmente ela teve uma alteração aqui no cérebro. Quando (vamos pegar a frase de Jesus) “um homem olha para uma mulher e ele olha desejando-a no seu coração” isso quer dizer o seguinte. Você vê a mulher e não somente diz: “Nossa, ela é bonita” de uma forma geral. Não, você vê e você começa a pensar naquela mulher como objeto de prazer sexual, e uma vez que você se dá conta de que você está pensando naquela mulher como objeto de desejo sexual, você consente e diz: “Eu quero pensar. É isso mesmo. Que coisa boa!” Você, ao fazer isso, está alterando o seu cérebro, você está fazendo com que o seu cérebro se prepare para o ato sexual. Depois que você fez imprudentemente, malucamente isso aí, meu irmãozinho, para você segurar a onda e não querer continuar o processo e chegar até o ato sexual, à consumação de fato, vai ser uma tortura, vai ser uma guerra difícil. Por quê? Porque você já iniciou, ou seja, o início do pecado contra o sexto já é concebido no pecado contra o nono. Vamos usar uma linguagem mais física, biológica, para você entende. Quando as coisas começam a ser alteradas da cintura pra baixo, é porque, na maior parte dos casos, já foram alteradas do pescoço para cima. É no cérebro que tudo começa. Então, se você andou cometendo pecados, seja contra o sexto, seja contra o nono mandamento, saiba: é sempre matéria grave, e você precisa se confessar a respeito disso. Procure um confessor e saiba: para se manter nesse firme propósito de não pecar mais contra o sexto e contra o nono, você precisa fazer de tudo para evitar a primeira alteração cerebral, ou seja, a primeira naquele que é o principal e o mais importante dos órgãos dentro desse processo, que é o cérebro. Jesus, quando diz que o homem que olha para a mulher no seu coração já cometeu adultério, não está nos esmagando com uma lei mais difícil de cumprir.
O Antigo Testamento dizia: “Não cometer adultério”, mas “eu vou esmagar vocês com uma exigência maior: Nem sequer pensem no adultério!” Não, Jesus não está nos esmagando. Ele é bom, é libertador, é bondoso. Ele está nos libertando, dizendo que, se nós não queremos cometer o adultério — e não queremos —, então comecemos a matar o mal pela raiz, porque é destes pequenos ovos que saem as grandes serpentes. É nos pensamentos impuros que o homem concebe as maiores vilezas e pecados contra a castidade.
Deus abençoe você. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.