AMOR E PAIXÃO

03 01-2021
AMOR E PAIXÃO

 

Também não é difícil diagnosticar o amor e a paixão. Esta se identifica com o falso amor. É violenta, descontrolada, impetuosa. Só fala de direitos, necessidades e exigências. Cheia de impulsos sensuais, é caprichosa e volúvel, só se sente bem quando satisfeita, e só se satisfaz quando sacia o instinto. É inquietante, embriagadora e ciumenta. Como não sabe elevar-se, aferra-se aos encantos do corpo e aos prazeres. Por isto mesmo é inconstante. Tanto lhe faz dizer e pensar que não é possível viver sem a pessoa “amada” como desprezá-la, se as graças corporais faltarem ou o tufão soprar noutra direção. É capaz de matar, contrariada; não é capaz de morrer, para servir. Vive dos sentidos, e se extingue sem a força do instinto, de onde nasce, ou sem o fogo da concupiscência, em que se aquece, ou sem os prazeres da carne, de que se alimenta. Sua vida é precária como seus elementos.
 
Bem diverso é o amor. Como é elevado, ultrapassa o corpo e se dirige à alma. Porque é único, é tranquilo. Sendo intransferível, é calmo e senhor de si. Porque indissolúvel, é definitivo. Nunca dará à pessoa amada a lamentável impressão de que a quer para instrumento de prazer. Sendo amor conjugal, está naturalmente orientado para a geração dos filhos: realiza-se na mais íntima e profunda união dos corpos – que só tem significação, quando simboliza a fusão das almas. E nestas relações de intimidade o amor se alimenta e desenvolve, não porque elas lhe sejam a razão de ser ou não o sustentáculo, mas porque lhe são fruto e expressão. Tanto assim, que a ausência delas não o enfraquece, salvo quando determinada por falta do próprio amor. Motivada por causas altas, a ausência das relações sexuais eleva e purifica ainda mais o amor, libertando-o das injunções da carne. Sem o peso dos sentidos, libra-se; sem o ônus da matéria, espiritualiza-se. Encarado assim, o amor se impõe ao respeito dos que pretendem a vida conjugal. E desta só serão verdadeiramente dignos aquêles que souberem respeitar o amor.
 
Noivos e Esposos – por Padre Álvaro Negromonte

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